Nota Editorial

por Rui Manuel Álvaro Marta e Paulo Machado
O ano de 2024 é, sob vários pontos de vista, um ano de transição para as Ciências Policiais no ISCPSI, e necessariamente também para o ICPOL e para a politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais. Desde logo, é um ano de comemoração dos 40 anos das Ciências Policiais em Portugal, tomando como marco para o seu arranque o ano (de 1984) que viu nascer a primeira cohort de oficiais de Polícia formados neste Instituto (então com a designação de Escola Superior de Polícia). Daí que em 2024 seja o limite temporal de um conjunto de iniciativas, com destaque para um longo Ciclo de Conferências realizado ao longo de meses, e iniciado ainda nos finais de 2022. A publicação recente do ISCPSI, intitulada, precisamente, 40 anos das Ciências Policiais em Portugal (ISBN 978-972-8630-35-5) testemunha em larga medida uma participação alargada de docentes, investigadores, provenientes deste Instituto, mas também de fora dele, que aportaram o seu saber a este período de celebração. As celebrações, enquanto processos de ritualização, servem para sinalizar algo, funcionando como marcadores temporais, e proporcionam reflexões sobre o passado (trazer à lembrança), o presente (fazendo-se ponto de situação) e o futuro (prospetivando-se o que fazer), e é exatamente isso que tem estado a acontecer. Por outro lado, em 2024 encerra-se um (primeiro) ciclo de financiamento público nacional à atividade de investigação protagonizada pelo Centro de Estudos (ICPOL), ciclo iniciado em 2020, após avaliação externa exigente, e da qual resultou uma classificação de Muito Bom, algo que se entendeu auspicioso para as Ciências Policiais. Também neste contexto, importa efetuar uma sistematização de resultados obtidos e submetê-la a nova avaliação pela FCT, o que acontece presentemente. Mas também aqui não basta perceber o caminho percorrido: há neste novo processo de avaliação uma exigência, a de se propor uma nova agenda de trabalho para 2025-2029, também ela a ser escrutinada pelos Avaliadores (e de cujo resultado depende o financiamento público nacional para os próximos cinco anos). Mas há ainda a considerar o ciclo dos projetos europeus em que o ICPOL tem estado implicado (APPRAISE, IMPROVE, IMPRODOVA), ainda do Horizon 2020, que vai terminando, abrindo-se este ano, e nos próximos, perspetivas para se integrarem novos consórcios internacionais a olhar para o Horizonte Europa (até 2030), destinados à investigação científica. Internamente, estes últimos meses têm permitido conhecer novas orientações estratégicas da Direção Nacional da PSP, e não se pode ignorar, nem menosprezar, o trabalho de investigação aplicada, que se entende que o ICPOL deve prosseguir, de modo a satisfazer necessidades de conhecimento da instituição, e em 2024 vários projetos têm esse desígnio (vindo de anos anteriores, ou agora iniciados). Significa que não podemos descurar a fortíssima dinâmica que tem sido criada, e a Politeia, enquanto Revista Portuguesa de Ciências Policiais, não poderia estar arredada dessa dinâmica. Disso mesmo são testemunhos os títulos que compõem este Número e que são, uma vez mais, diferentes entre si pelas temáticas que abordam, pelos processos de investigação que evidenciam, trazendo-se novos Autores, novas abordagens. Uma revista científica é isto mesmo: um ponto de encontro de ideias e de Autores. Cremos que foi esse desiderato que presidiu, ainda no século XVII, à criação da Philosophical Transactions de Londres, talvez a primeira revista científica da história. As revistas científicas são mais do que veículos de publicação: são instrumentos essenciais para garantir a integridade, a continuidade, a qualidade e o impacto social do conhecimento científico. A disseminação do conhecimento; a validação e credibilidade (que a revisão por pares, anónima, favorece); a função de registo histórico; o estímulo à inovação (a publicação regular de novas ideias incentiva a inovação, estimulando investigadores a explorar novas hipóteses, metodologias e áreas de estudo); são algumas das funções que se reconhecem às revistas científicas e que queremos que a POLITEIA também as assuma. A sua desmaterialização, através da disponibilização dos conteúdos editados no Repositório (em https://politeia-online.pt/) é, em nosso entender, um poderoso meio de reforçar os objetivos que foram traçados para a POLITEIA, e que prosseguimos persistentemente. Gostaríamos que esta Revista Portuguesa contribuísse para a construção de uma comunidade académica no domínio das Ciências Policiais, privilegiando a língua portuguesa, mas aberta também a outros idiomas. Rui Marta Subintendente da PSP. Doutor em Relações Internacionais, Geopolítica e Geoeconomia Diretor, em Suplência, do ICPOL Paulo Machado Coordenador Científico do ICPOL. Doutor em Sociologia

O ano de 2024 é, sob vários pontos de vista, um ano de transição para as Ciências Policiais no ISCPSI, e necessariamente também para o ICPOL e para a politeia – Revista Portuguesa de Ciências Policiais.
Desde logo, é um ano de comemoração dos 40 anos das Ciências Policiais em Portugal, tomando como marco para o seu arranque o ano (de 1984) que viu nascer a primeira cohort de oficiais de Polícia formados neste Instituto (então com a designação de Escola Superior de Polícia). Daí que em 2024 seja o limite temporal de um conjunto de iniciativas, com destaque para um longo Ciclo de Conferências realizado ao longo de meses, e iniciado ainda nos finais de 2022.
A publicação recente do ISCPSI, intitulada, precisamente, 40 anos das Ciências Policiais em Portugal (ISBN 978-972-8630-35-5) testemunha em larga medida uma participação alargada de docentes, investigadores, provenientes deste Instituto, mas também de fora dele, que aportaram o seu saber a este período de celebração. As celebrações, enquanto processos de ritualização, servem para sinalizar algo, funcionando como marcadores temporais, e proporcionam reflexões sobre o passado (trazer à lembrança), o presente (fazendo-se ponto de situação) e o futuro (prospetivando-se o que fazer), e é exatamente isso que tem estado a acontecer.
Por outro lado, em 2024 encerra-se um (primeiro) ciclo de financiamento público nacional à atividade de investigação protagonizada pelo Centro de Estudos (ICPOL), ciclo iniciado em 2020, após avaliação externa exigente, e da qual resultou uma classificação de Muito Bom, algo que se entendeu auspicioso para as Ciências Policiais. Também neste contexto, importa efetuar uma sistematização de resultados obtidos e submetê-la a nova avaliação pela FCT, o que acontece presentemente. Mas também aqui não basta perceber o caminho percorrido: há neste novo processo de avaliação uma exigência, a de se propor uma nova agenda de trabalho para 2025-2029, também ela a ser escrutinada pelos Avaliadores (e de cujo resultado depende o financiamento público nacional para os próximos cinco anos).
Mas há ainda a considerar o ciclo dos projetos europeus em que o ICPOL tem estado implicado (APPRAISE, IMPROVE, IMPRODOVA), ainda do Horizon 2020, que vai terminando, abrindo-se este ano, e nos próximos, perspetivas para se integrarem novos consórcios internacionais a olhar para o Horizonte Europa (até 2030), destinados à investigação científica.
Internamente, estes últimos meses têm permitido conhecer novas orientações estratégicas da Direção Nacional da PSP, e não se pode ignorar, nem menosprezar, o trabalho de investigação aplicada, que se entende que o ICPOL deve prosseguir, de modo a satisfazer necessidades de conhecimento da instituição, e em 2024 vários projetos têm esse desígnio (vindo de anos anteriores, ou agora iniciados).
Significa que não podemos descurar a fortíssima dinâmica que tem sido criada, e a Politeia, enquanto Revista Portuguesa de Ciências Policiais, não poderia estar arredada dessa dinâmica. Disso mesmo são testemunhos os títulos que compõem este Número e que são, uma vez mais, diferentes entre si pelas temáticas que abordam, pelos processos de investigação que evidenciam, trazendo-se novos Autores, novas abordagens.
Uma revista científica é isto mesmo: um ponto de encontro de ideias e de Autores. Cremos que foi esse desiderato que presidiu, ainda no século XVII, à criação da Philosophical Transactions de Londres, talvez a primeira revista científica da história. As revistas científicas são mais do que veículos de publicação: são instrumentos essenciais para garantir a integridade, a continuidade, a qualidade e o impacto social do conhecimento científico.
A disseminação do conhecimento; a validação e credibilidade (que a revisão por pares, anónima, favorece); a função de registo histórico; o estímulo à inovação (a publicação regular de novas ideias incentiva a inovação, estimulando investigadores a explorar novas hipóteses, metodologias e áreas de estudo); são algumas das funções que se reconhecem às revistas científicas e que queremos que a POLITEIA também as assuma.
A sua desmaterialização, através da disponibilização dos conteúdos editados no Repositório (em https://politeia-online.pt/) é, em nosso entender, um poderoso meio de reforçar os objetivos que foram traçados para a POLITEIA, e que prosseguimos persistentemente. Gostaríamos que esta Revista Portuguesa contribuísse para a construção de uma comunidade académica no domínio das Ciências Policiais, privilegiando a língua portuguesa, mas aberta também a outros idiomas.

Rui Marta
Subintendente da PSP. Doutor em Relações Internacionais, Geopolítica e Geoeconomia
Diretor, em Suplência, do ICPOL

Paulo Machado
Coordenador Científico do ICPOL. Doutor em Sociologia